A manhã do último sábado despertou ao som do tambor, caxixi, xequerê, agogô, pandeiro e violão. Por todos os lados, bandeiras, vestimentas e acessórios multicores enfeitavam os participantes e o espaço físico do 10 Fórum pela Promoção da Igualdade Racial- FOPPIR, que desde o dia 5 está acontecendo em Espera Feliz. Mais de 170 pessoas se reúnem, trazendo a riqueza da diversidade de gerações, de crenças e manifestações da fé, de sexualidades, de culturas, em um propósito comum: tornar concreto o direito de todos, sem distinção, serem tratados com igualdade.
Divididos em grupos de trabalho, com auxílio de coordenadores e facilitadores de diálogo, os participantes debateram temas centrais para os movimentos e organizações que compõem o FOPPIR. Durante todo o dia, foram contextualizadas as lutas e resistências, bem como os avanços que ainda precisam acontecer no campo da “religiosidade de matriz africana”, “comunidades quilombolas”, “saúde integral e religiosidade”, “juventude”, “pastoral afro-brasileira”, “a mulher no século XXI”, “o controle social nos municípios”, “a educação e políticas afirmativas”.
Ao final da tarde, foram compartilhados, em plenária, os principais pontos debatidos e os encaminhamentos que serão apresentados ao Fórum Mineiro de Entidades Negras –FOMENE. Para César Medeiros, o fórum tem agregado cada vez mais novas pessoas e trazido com propriedade a questão da negriture, nos diferentes âmbitos. “O FOPPIR para nós hoje representa um canal de resistência e de afirmação do povo negro na Zona da Mata mineira, na região das Vertentes e da região central de Belo Horizonte e, através do FOMENE, amplia a discussão para o Estado de Minas Gerais inteiro”.
O senhor Antônio Dorico Braga, da comunidade de São Pedro no município de Divino, encantou a todos com a motivação que trouxe para o Fórum. Aos 98 anos, ele diz ter aprendido muito. “Foi bão demais, nossa senhora! No meu tempo não tinha nada disso, eu não estudei não. Eu gostei muito e até pedi a moca para escrever a rodinha da dança e o conjunto para eu apresentar lá na minha comunidade”.
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